COMENDO POR RAIVA
A raiva é uma emoção natural que gera um impulso ou reação para lutar. Ocorre diante de uma ameaça simbólica ou real à nossa auto estima , dignidade. Quando recebemos tratamento indelicado, quando nos sentimos injustiçados, quando um direito nosso é desrespeitado ou não o reivindicamos ou, ainda, quando não conseguimos dizer “NÃO” na hora oportuna a uma solicitação que não poderíamos atender, essa emoção pode ocorrer.
A primeira manifestação de raiva ocorre no bebê quando esperneia ao sentir fome sendo sanada pelo leite materno ou mamadeira. O mesmo mecanismo ocorre quando o bebe sente sede, cansaço, sono, trem as fraldas molhadas, está assado. Mais tarde a criança sente raiva do coleguinha que bate nela.
No processo de educação, a escola, a família, a religião mostram como “é feio” expressar esta raiva.
“Educação” para uns, “virtude” para outros, aprendemos a “engolir” a raiva, o que tem enorme custo. Raiva interiorizada passa a nos deprimir. Quando rompemos um relacionamento substituímos a raiva pela culpa. Diante de um apelido indelicado a menina não expressar a raiva, mas sente-se humilhada.
A raiva desencadeia os mesmos mecanismos fisiológicos do stress : adrenalina, nor adrenalina, cortisol, impulso contido para a luta...fome !
Além disso, quando não conseguimos expressa-la adequadamente, podemos voltar ao estágio primário, onde a raiva era atenuada pela...comida. Comer, relaxar...
Agredir, puramente, aumenta a culpa e não tem efeito sobre nossa auto estima.
Omitir provoca bloqueio da mesma e, que por si só, promove realimentação da raiva.
“Dar porrada” ou “engolir sapo” podem levar à comida... O que fazer ?
É fundamental que desenvolvamos assertividade, que pode ser definida como a comunicação adequada das emoções, sem ansiedade. A comunicação do descontentamento com o fato, com a situação, com o comportamento que provocou a raiva. A comunicação assertiva envolve a afirmação dos próprios direitos e expressão de pensamentos, sentimentos e crenças de maneira direta, honesta e apropriada que não viole o direito das outras pessoas.
Assertividade é uma habilidade a ser exercitada. É um tremendo facilitador em nossos relacionamentos e a única solução para expormos sentimentos, direitos, limites. O comportamento assertivo melhora nossa auto estima e evita a ruminação e a agressividade. Evidentemente, nos levará a comer menos...
O trabalho de assertividade merece capitulo a parte dentro de uma psicoterapia, especialmente quando visa emagrecimento. Como fomos educados para “sermos bonzinhos”, “darmos o outro lado” ou “darmos pancada”, HABITUALMENTE NÃO SOMOS NATURALMENTE ASSERTIVOS. Por isso é UMA COMPETENCIA A ASER DESENVOLVIDA!
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1. Aprenda a ouvir atentamente. Procure inverter os papéis, colocando-se no lugar da pessoa.
2. Não humilhe nem ofenda a outra pessoa ao declinar seu descontentamento. Refira-se ao comportamento, à situação, ataque o problema, não a pessoa.
3. “Esfrie” a cabeça aos primeiros sinais de raiva, conforme foi dito anteriormente.
4. Aprenda a dizer de forma adequada o que não gosta em relação ao comportamento do outro.
5. Cultive mecanismos de descarga, como exercícios físicos, relaxamento, relacionamentos, lazer.
6. Tolere as diferenças. Muitas situações de raiva surgem quando não toleramos formas de pensar ou agir diferentes das nossas. Desejos, opiniões, valores não são padronizados.Exercite a tolerância, a arte de conviver com diferenças. Lembre-se, a pessoa é apenas diferente e não “melhor ou pior que”. Negocie, faça acordos e notará que isso diminui a frustração social. Será que você explode porque as coisas ocorrem fora do previsto ? Aprenda a esperar, tolerar e notará diminuição progressiva da raiva.
7. Isto funciona em níveis moderados de raiva. Nos casos em que há exacerbação da raiva pode ser indispensável ajuda psicológica.
8. EXPLOSÕES, Agressões, aumentam a descarga de adrenalina e não resolvem, além de levarem à culpa depois.
Dr. Marco Antonio De Tommaso
- Psicólogo e psicoterapeuta pela Universidade de São Paulo
- Atuou no IPQ HC USP em pesquisa e atendimento
- Credenciado pela Assoc Brasileira para Estudo da Obesidade
- Consultor da Unilever - Dove de 2004 a 2010
- Colunista da Revista Boa Forma "No Divã"
- Psicólogo da Agência L'Equipe de Modelos
- Consultor de psicologia do site www.giselebundchen.com.br/estilo
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Clínica Tommaso: "Deixando de estar aprendendo a ser".
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