quarta-feira, 23 de abril de 2014

DEPRESSÃO "PÒS PASCOA"

DEPRESSÃO “PÓS PASCOA”


Dia seguinte à Páscoa cliente  declara: “estou em depressão pós Páscoa”! Procuro me interar do “diagnóstico”. Tudo corria em sua reeducação nutricional. A comilança começou na quinta feira, em um happy hour no trabalho. Aí, sua cabeça processou o famoso “perdido por um...”Na sexta, almoço com amigos, onde em função do abuso do dia anterior, exagerou na comida e na (nas) sobremesas. Apesar da culpa, acionou outro mecanismo falso e típico da cabeça gorda: O “Já que...” “Já que eu comi ontem...”E os primeiros ovos são degustados, num misto de culpa e ansiedade em círculos viciosos, que a levaram a comer mais. Domingo, almoço em família, cada um leva um prato e uma sobremesa, das quais a paciente se serviu de todas, complementando a comilança pelos ovos que ganhou.

Houvera sido orientada pela nutricionista: pequenos pedaços de chocolate amargo, um só prato NO ALMOÇO DE DOMINGO, uma única sobremesa.

Mas...cabeça gorda...Chocolate amargo, sem ser amargo, crocante, branco, diet, light, pudim, sorvete, colomba pascal etc...Sempre acompanhada do “perdido por um...” e pelo “Já que...”Pior, segunda feira, deu conta do chocolate que sobrou...E muita, mas muita angustia...

Culpa, raiva, desânimo, tristeza, irritabilidade,  evitação social, ausência da academia, percepção errônea da própria imagem ao espelho, tentativa de jogar tudo para os ares. Autoestima zero, “não vou mais à nutricionista”, “não nasci para ser magra”, e uma sensação de falta de controle sobre a alimentação, acompanhada de uma “sensação de nunca mais...” Um autêntico tsuname psicológico.

Se você apresenta quadro parecido, a tal “depressão pós Páscoa” da minha amiga, pense nisso.

A primeira medida é congelar a comilança, voltando imediatamente para os padrões nutricionais anteriores, sem atenuantes nem concessões. Lembre-se, caiu? Levanta! Errou? Corrige!

Que tal, depois, avaliar o processo psicológico subjacente? Que emoções, sentimentos, fugas, substituições essa conduta propicia? É prazer? Se for, que outros prazeres podem estar substituindo? Atua como ansiolítico? Antidepressivo? Quais as outras alternativas? A ajuda psicológica pode ser fundamental.

                     Dr. Marco Antonio De Tommaso
-  Psicólogo e psicoterapeuta pela Universidade de São Paulo
-  Atuou no IPQ HC USP em pesquisa e atendimento
-  Credenciado pela Assoc Bras para Estudo da Obesidade
-  Consultor da Unilever - Dove de 2004 a 2010
-  Articulista da revista Boa Forma “ Divã”
-  Assessoria psicológica para modelos e agências
-  Consultor de psicologia do site www.giselebundchen.com.br

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