O OUTRO LADO DO
ALIMENTO
O alimento não é só nutrição. Comemos por uma série de
razões, inclusive para nos nutrir e promover a saúde. Afinal, graças à ciência
da nutrição, o alimento saiu da mera condição de sustentação da vida, para a de
promotor da saúde.
Porém, há toda uma representação social e emocional no
alimento. Comer vem envolvido numa atmosfera de afeto. É um condutor de afeto.
Quando damos uma festa, as pessoas não “vão para comer”, mas damos alimento a
elas. Alimento significa amor, afeto, carinho, celebração. Grandes datas são
comemoradas com alimento. Natal, Páscoa, aniversários. Negócios são fechados à
mesa de um almoço. Comida é recordação, trazendo a tona emoções passadas, como
almoços familiares, o bolo de fubá de uma vovó carinhosa, sempre acompanhado de
muito carinho. Presente, pode ser afeto,conforto. Ausente pode ser abandono, rejeição. O alimento, além de recordação, pode ser um vício, como na
compulsão alimentar. Podemos comer para viver ou...para morrer, como nos
transtornos alimentares.
Comer recebe influências culturais. Imigrantes e migrantes
nos trouxeram hábitos e sabores. A globalização completa o quadro.
Comer é um prazer! Vem desde a experiência primária da amamentação,
a primeira vivência afetiva do bebê. É um poderoso redutor da ansiedade da
criança, quando confortada com o leite materno. Ao receber o seio da mãe a
criança recebe a mensagem: a comida alivia a tensão!
O que a comida não pode ser é O PRAZER, entrando em lugar de
outras experiências positivas, limitando a pessoa a uma fixação na gratificação
oral, como o faz o bebê. Muitas vezes, diante de frustrações em nossas vidas,
podemos regredir a estágios primários, onde o prazer e o alivio eram fornecidos
pela comida, o primeiro antidepressivo e ansiolítico. Comer demais pode ser
sintoma de patologia psicológica subjacente.
Sabemos que o patológico é uma exacerbação do normal. Comer
demais pode fazer tão mal quanto comer de menos. A OMS alerta que morrem mais
pessoas no mundo pelos efeitos diretos da obesidade e doenças às quais serve de
pano de fundo, que de fome!
Comer demais deixa de ser um prazer para se tornar uma
patologia. Doenças, cardíacas, diabetes, algumas formas de câncer, problemas
articulares, podem ser gerados pelo uso excessivo do que, em doses adequadas, é
um prazer. O essencial para a vida pode precipitar a morte!
Mais que nunca, aplica-se o provérbio latino: “virtus
est in mesus”.
Dr. Marco Antonio De Tommaso
- Psicólogo e psicoterapeuta pela Universidade de São Paulo
- Atuou no IPQ HC USP em pesquisa e atendimento
- Credenciado pela Assoc Bras para Estudo da Obesidade
- Consultor da Unilever - Dove de2004 a 2010
- Psicólogo e psicoterapeuta pela Universidade de São Paulo
- Atuou no IPQ HC USP em pesquisa e atendimento
- Credenciado pela Assoc Bras para Estudo da Obesidade
- Consultor da Unilever - Dove de
- Articulista da revista Boa Forma “No Divã”
- Psicólogo da Agência L'Equipe de modelos.
- Psicólogo da Agência L'Equipe de modelos.
- Consultor de psicologia do site
www.giselebundchen.com.br/estilo
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