segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

LIDANDO COM A COMPULSÃO POR COMIDA

O que eu faço quando me dá aquela vontade de assaltar a geladeira?

Com certeza, essa é uma das perguntas mais freqüentes que ouvimos de um paciente que precisa emagrecer. Tudo ia bem, a dieta era personalizada, agradável, aí aquela vontade apareceu, não sei de onde e lá se foi por água abaixo mais uma dieta. O que fazer? Será que existem medidas salvadoras para enfrentar esse desejo destruidor?

Para controlar essa vontade, você tem de adquirir a capacidade de escolha e escolher outra coisa que não seja comer. Não se trata de deixar de comer ou negar o prazer que o alimento nos traz, mas quem resolve que vai comer e quando é você, não alguma coisa lá dentro que dispara o gatilho da fome. Trata-se de ficar com a gratificação imediata ou eleger a recompensa de médio prazo de ser magra e saudável. Quando você consegue mandar embora essa vontade irrefreável de comer, estará desenvolvendo resistência à tentação e descobrindo que pode sim apostar na sua persistência diante das tentações.

Essa vontade de comer é uma reação automática, não refletida ou raciocinada. Quem é vítima desse mecanismo, vai para geladeira movido pela ansiedade como sendo a única opção, sem pensar, como fazemos quando dirigimos um carro. É um hábito interiorizado, adquirido e utilizado automaticamente, como quando nos aplicamos as regras gramaticais para nos expressarmos corretamente, sem pensar que elas existem. Para quebrar esse hábito, você tem de trabalhar em etapas. Precisa aprender a raciocinar enquanto a coisa está acontecendo e não depois que rolou a comilança e você cai em si e começa a se torturar. O controle da vontade de comer se consegue tomando conscientes de um comportamento que estava automatizado, fora do controle.

O primeiro passo é entender como é que você vai conseguir conquistar esse autocontrole. Parta sempre do princípio que para desmanchar um hábito arraigado há muito tempo, precisa de paciência, perseverança e tempo. Mais importante do que o resultado é o processo, que praticado, levará ao sucesso. Você vai falhar, de vez em quando, mas encare esses tropeças como oportunidades de aprender.

Vamos inverter essa jogada – não é a comida que controla você, mas você é quem controla a comida.

IDENTIFIQUE OS PRIMEIROS SINAIS DE PERIGO – Para entender as circunstâncias que disparam o gatilho da gula, comece a prestar atenção e anotar mesmo as sensações, situações, pensamentos, se está só ou acompanhada, o dia e a hora em que os ataques de vontade de comer aconteceram. Enquanto está anotando, você não está comendo e vai dando um tempo para a vontade passar. Além disso, esse registro vai lhe trazer informações importantes para você estabelecer relações entre situações diversas e o comportamento alimentar. Vai ficar claro para você como não é a fome que carrega você para a comida. Em geral, é a ansiedade, o stress, a tristeza, a preocupação, dificuldades interpessoais, pensamentos desagradáveis, pessimismo, desesperança, baixa auto-estima, preocupação com dietas, falta do que fazer.

NEUTRALIZE O IMPULSO – Se, no momento em que bater a vontade, você conseguir parar para pensar, pergunte-se: é fome? Você estará raciocinando dentro do processo, avaliando vantagens e desvantagens de ceder ao impulso de comer sem fome enquanto esse impulso está tentando vencer você. Você estará brigando de frente com esse inimigo. Vá mais adiante e pergunte-se: que outras coisas poderia fazer em vez de comer para afastar essa sensação que deparou o gatilho da gula? Para ajudar a encontrar respostas, vale colocar lembretes escritos na porta da geladeira, grudados na sua carteira, na despensa. Tudo para interromper a resposta automática que vem assim de surpresa. O objetivo é retardar a gratificação e permitir que você se questiona, conversando consigo mesma. Se o diálogo interno anterior era “estou ansiosa então vou comer”, agora vai dizer para si mesma: “para resolver essa ansiedade não adianta comer”.
Muitas vezes, os poucos segundos que esse diálogo ocupa já basta para afastar o impulso.

EM VEZ DE COMER, FAÇA UM PROGRAMA – A pergunta agora é: o que eu poderia fazer em vez de comer? Liste o maior número de alternativas possíveis. É fundamental que você pense em coisas gostosas, como visitar um amigo, ir ao cinema, fazer uma caminhada, escutar uma música, dançar, ler uma boa revista, etc. Daí você vai avaliar as alternativas e identificar porque nunca optou por elas no lugar da comida, já que são sinônimos de prazer para você. “Porque receio fazer aquilo que sei que deveria fazer? Porque não quero caminhar se eu sei que me fará bem? Do que estou com medo?” Você vai entender por que se afasta de coisas que gosta e te fazem bem e foge para uma alternativa que está te prejudicando.

C0LOQUE EM PRÁTICA O NOVO PRAZER!

DEU CERTO? -- Caminhar ajudou você a sobreviver ao ataque de fome? Foi gostoso? Se essa alternativa não funcionou, escolha outra, até consiguir matar a gula, sem comer. Tenha paciência. Vamos relembrar : preocupe-se em fazer essa passagem e não fique pensando só no objetivo lá longe. O caminho para mudar um hábito antigo, arraigado na sua vida, é fazer o caminho de volta gradativamente, sem pressa. Se voe se impuser um prazo muito curto, vai se frustrar. Pense bem: por muito tempo você cedeu a esse maldito impulso que virou um vício adquirido e automatizado ao longo do tempo. Mudar isso também vai demorar. Vão haver deslizes, mas aos poucos vai começar a automatizar também as soluções, a partir do tal diálogo interno de você com você mesma. Emagrecer desta forma poderá parecer mais lento, mas esse é o jeito de encontrar um caminho sob medida para você.

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